quinta-feira, 28 de abril de 2011

aprendi a calar


Na realidade, sempre fui quieta, observadora, na minha.
Mas por ser tão observadora, me tornei também altamente perceptiva. Ficava horas olhando as pessoas e seus comportamentos, analisando meus sentimentos 'versus' a minha forma de agir e compreendendo algumas atitudes e seu significado oculto.
Talvez por esse interesse e facilidade em analisar (ou seria julgar?), queria muito fazer Psicologia... muito mesmo, passei uns 3 anos colocando isso como um objetivo de vida e muita gente falava "pra quê?" e derivados...
Enfim, talvez por sentir certo "poder" em ter um suposto acesso àquilo que não estava explícito em cada um, resolvi mostrar, mostrar que eu sabia...
Já que sempre fui calada... decidi falar.
E comecei a encharcar as pessoas de comentários que elas não queriam, de fato, ouvir - mesmo que soubessem que era verdade. Mas eu as forçava a encarar aquilo... dizia na frente de quem quisesse ouvir "vc está fazendo isso, mas no fundo sente isso mas quer que os outros pensem aquilo.". A criatura, assustada, negava e misteriosamente começava a me evitar.



Então... muito tempo depois percebi que ser sincero não é falar tudo o que se pensa. É ser verdadeiro, apenas isso. Botar isso pra fora, falar, sussurrar, gritar... é outra coisa. E requer muito tato. Muita sensibilidade.
Encarar certas verdades tem momento certo. Algumas intenções foram feitas para serem intenções ocultas.
E percebi - o que eu estava fazendo era como contar a uma criança que as nuvens não são feitas de algodão doce.
E aprendi a calar e sorrir. E compreender - agora, sim. E usar a minha perspicácia que adquiri, para ajudar e entender.

Agora busco a sabedoria de tomar a decisão correta. Falar ao necessário, calar quando é preciso.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

desencanei de fazer planos


Quando eu era criança, tinha na minha cabeça que iria morar com meus pais até uns 23 anos. Que ficaria na mesma cidade, na mesma escola até o 3º colegial, onde eu estudaria para prestar o vestibular, passaria na Usp, faria a minha faculdade, tiraria carta aos 18 anos. Casaria com uns 24, teria talvez filhos aos 28 anos e moraria com muitos gatos. E mais pra frente seria uma executiva de sucesso.
Uma vida óbvia. E que era praticamente certeza na minha cabeça... como se não existissem outras opções de caminhos a seguir e bem, na maneira como era criada, com o grupo que convivia... Acho que estes eram os planos de quase todas as crianças.

Bom. A realidade: Aos 14 anos, mudei de escola. Aos 15 anos meus pais se separaram. Aos 16, fui morar em Ribeirão Preto, sem meus pais, e claro, mudei de escola de novo. Aos 17 anos, fui pra Araçatuba. Aos 18, não comecei faculdade, não prestei vestibular, não tirei carta. Não tinha grana. Aos 19 fui morar com meu namorado e comecei um curso técnico. Aos 20 arrumei meu primeiro emprego. Aos 21 somente, com o meu salário, tirei minha carta de motorista. Hoje estou prestes a fazer 22. Tenho 2 gatas. E não dirijo.

Foi mais ou menos redigindo esse páragrafo anterior na minha mente pela primeira vez, que desencanei dos planos. Desencanei é a palavra que uso nos dias positivos. Nos negativos, digo que fazer planos dá azar.


E é verdade. Acho que depois de tudo, tenho medo dos planos.


Mas em toda a minha contrariedade do ser e de quem sou... Também temo estar sendo mal agradecida. Afinal, os caminhos que minha vida tomou, foram piores?
É fácil criar histórias, pois tudo está a seu controle. Os personagens, principais e secundários, os figurantes, o clímax, as resoluções... O desfecho. Você nunca estará planejando sua narrativa e de repente, um figurante enlouquecido, vai sacar uma arma, traumatizar seu personagem principal durante anos e fazer com que você mude todo o seu final e rasgue as páginas dos futuros acontecimentos. Não vai.
Mas a vida tem suas histórias, mas não é uma história só. As histórias de milhares de pessoas se mesclam todos os dias. A natureza age. Você não consegue controlar nem o seu próprio personagem. Que irá dizer sobre a sucessão dos fatos?
Acredito no livre arbítrio, mas também, nas escolhas que fazemos antes de vir a Terra. Pelo que queremos, ou melhor, devemos passar?

Cada atalho, retorno, estrada contínua nos levam a lugares, as vezes aos mesmos, por rumos diversos. Mas o que interessa mesmo, é como você vai chegar ali. Quando você olhar no espelho, você verá no reflexo seu, o presente e por trás de você, tudo o que passou.

Não planejo mais, pois planejar frustra, as vezes... Nos faz criar expectativas. Alem disso, podem passar outras oportunidades do seu lado e você não as verá. O que procuro são focos, para acontecimentos atuais.

Ah, tenha apenas uma missão: Ser feliz. E não é só por seu sorriso, não. Mas quando somos felizes, transmitimos felicidade às pessoas que gostamos, toleramos as outras. Contribuímos para a energia positiva do mundo. Se todos se concentrarem apenas em ser felizes...- Continuo tendo sonhos (é inevitável). Sonhos podem se tornar realidade. Quando menos se espera. Walt Disney já dizia...



Nota: Quando eu era criança, queria muito chegar aos 20 anos, pois achava que a vida seria mais fácil, que eu aprenderia a aguentar a dor e a passar pelas dificuldades, saberia tomar decisões...
"Por isso hoje eu me contentaria em saber apenas o que aquela garotinha sonhadora de voz doce e olhar sapeca que um dia fui,
pensa sobre a mulher que me tornei."

domingo, 3 de abril de 2011

um livro mudou a minha vida.

"Livros não mudam o mundo.
Quem muda o mundo são as pessoas.

Os livros mudam as pessoas."



Bom, sempre gostei de livros, e claro, eles (quase) sempre nos trazem um ensinamento, uma nova maneira de ver alguma situação, um novo desejo, enfim. Mas hoje vou falar de um livro que mudou muito a minha maneira de viver e ver o mundo. E que, confesso, já está na hora de reler.
Eu tinha uns 14 anos e fui fuçar numa prateleira velha no fundo do apartamento repleta de livros da minha tia, da minha vó e fui procurar algo que me interessasse. E peguei aquele de capa verde, com uma mandala na capa. Perguntei pra minha tia se era bom e ela disse que era ótimo, então, comecei a ler...

O livro se chama "A Profecia Celestina" .
É um romance em torno de um homem que de repente se vê a ponto de descobrir sua própria verdade, onde sua própria vida é alterada logo no primeiro capítulo para iniciar uma jornada de aventura e percepções.
O livro fala de energias, de coincidências, do universo. E mesmo sempre tendo um espírito muito questionador, nunca tive contato com essa forma de pensamento e quando me vi naquela história e compreendi cada visão, o mundo passou a ser diferente pra mim. Desde então sou muito ligada na energia das pessoas, árvores, lugares... No porque das coisas acontecerem e no fato de que nós somos parte de um todo. E é assim que o universo funciona.
Desde então, também... passei a ter muita vontade de ir para Macchu-Picchu, no Peru e sentir a energia daquele lugar e ver de perto as ruínas onde tudo se passou.

E eu, que nunca me importei com coisa alguma até aquela fase, acredito que plantei os primeiros traços da minha espiritualidade e compreensão da vida.
A partir daquele dia, onde eu me lembro de estar deitada na cama da minha vó tranquila e sozinha, com a janela escancarada em um lindo dia de sol, a minha história começou a mudar, coincidentemente, tudo que aconteceu naquela época teve um sentido diferente em relação a valores, auto-conhecimento, percepções e crescimento. Hoje eu me dou conta disso. Foi ali, naquele momento, que eu passei a ser uma pessoa melhor.

Foi quando eu me reapresentei a minha alma e dei boas vindas ao (meu) universo.