
Foi no pior emprego que alguém pode ter. No telemarketing, vendendo livros didáticos. Você, por acaso, compraria um livro didático por telemarketing se você morasse no Piauí??? Era o que eu tinha que fazer, vender esse maldito livro.
Pois sim, vamos ao detalhe inicial: eu ODEIO falar no telefone até com a minha melhor amiga. Eu simplesmente ODEIO mesmo telefone. O que eu fui fazer lá? Sei eu... Precisava trabalhar e foi o que me apareceu.
Fui até com coragem, disposta a ficar... disposta a tentar... um salário bom até, quem sabe. Detalhe: a contratadora me disse: "vc vai receber + 215 reais se não faltar nenhum dia". AHN? Como assim? Já está previsto que eu vou faltar?
Pois é, depois fui descobrir que é raro alguém que fica mais de um mês lá...
Enfim, ela disse "Até amanhã, às 9h!" E lá fui eu, no dia seguinte, as 9h, toda feliz e contente e com sono... Fiquei 2 horas observando as meninas, só. E comecei a ficar com medo. Elas mentiam, puxavam o saco, falavam alto, torravam o saco da pessoa... e a supervisora ainda me dizia: "é assim que tem que fazer viu, Stefanie?"
OI? É assim que tem que ser? Chata? Mal educada? insistente?
As meninas soltavam frases assim: "O que, dona Odete? Seu marido foi embora?? que traste!!", ou "E o senhor comprou um colchão de 2 mil reais? colchão de ouro né! he-he-he" ¬¬
Peeelo amor de Deus, já estava entrando em pânico, quando ela me colocou ao telefone e ficou plantada do meu lado, enquanto eu, constrangidíssima, ligava praquela lista enorme de números... Mas ela se distraía cantarolando uma música religiosa pra lá e pra cá... e eu, surtando já.
Comecei a ligar pras pessoas e dizia assim "Senhor, que horas são agora?" e desligava, contando os segundos praquilo acabar...
Mais tarde, comecei a fingir, ligava pras pessoas e falava com elas , sem me importar com o que respondiam... até elas desligarem na minha cara, e , enquanto do outro lado fazia *TUTUTUTU*, eu dizia: "Isso mesmo senhora, obrigada pela atenção, amanhã te retorno..." com aquela cara de cocô.
O expediente deu fim e era hora do almoço... Disse "até daqui a pouco", fui pra casa e nunca mais voltei lá...